Médico gay deixa claro: “Existe discriminação”

Bruno Maia, neurologista e homossexual assumido, “responde” aos argumentos de Gentil Martins.

18 Jul 2017 | 15:11
-A +A

As declarações sobre a homossexualidade e sobre Cristiano Ronaldo proferidas pelo antigo cirurgião Gentil Martins, de 87 anos, ao jornal Expresso, geraram uma onda de indignação e levaram inclusivamente à abertura de um processo por parte da Ordem dos Médicos.

Nas redes sociais, multiplicaram-se as mensagens de apoio a todos os que assumem a sua homossexualidade e o neurologista Bruno Maia foi um exemplo disso.

Na sua página do Facebook, o médico do Centro Hospitalar de Lisboa Central escreveu uma forte crítica aos comentários do seu colega de profissão, que descreveu a homossexualidade como uma “anomalia”. No texto Bruno enfatizou ainda que “a anomalia não está no indivíduo mas sim na sociedade”.

“Sou médico e sou homossexual. Sempre quis ser médico e sempre me senti homossexual”, começa por dizer.

“Cresci com um pai e uma mãe. Maravilhosos, esforçados, dedicados a mim e ao meu irmão mais do que a qualquer outra coisa na vida. Também existiram avós, tios, primos e primas e se alguma coisa toda esta gente me ensinou foi o que era o amor e o que significa ter uma família. Tive a sorte de não conhecer nenhuma das realidades do abuso – o físico, o sexual, a negligência… Enquanto criança brinquei com carrinhos de metal, joguei à bola no recreio da escola, meti-me em lutas com os outros rapazes e explorei os primeiros afectos com as meninas no famoso jogo do ‘bate-pé’!”, prossegue.

“Desde o primeiro dia de escola que fui um exemplo de sucesso escolar – pelo menos naquilo que o nosso paradigma de escola considera sucesso – nunca tive uma negativa. Fiz todo o meu percurso desde o 1º ano de escolaridade até à obtenção do grau de especialista em Neurologia sem perder um único ano. Na adolescência decidi contar sobre a minha homossexualidade a alguns amigos – fui apoiado e protegido. Já a estudar medicina decidi contar a todos os amigos. Continuei apoiado e protegido. Quando revelei à família, nada de novo – apoiado e protegido!”, revela o médico, contando a sua história nas redes sociais.

Entre muitas outras coisas, num texto longo, Bruno questiona: “Queira alguém explicar-me a “anomalia” na minha vida? Alguém me aponta critérios de diagnóstico para desvio da personalidade? Devo fazer “terapia de reconversão”? Para mudar o quê exactamente? Se para a medicina, a anomalia implica sofrimento (caso contrário é apenas uma variante), onde está o meu sofrimento?”

Leia mais aqui!

Veja também:

 

PUB