“Não podemos colocar esse peso nos ombros dela”

…Diz Bruno Santos sobre o confronto Cristina Ferreira VS Fernando Mendes, na nova aposta da TVI para o final da tarde.

10 Mar 2017 | 13:05
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Na semana em que a TVI celebrou 24 anos, a TV 7 Dias brindou os leitores com uma entrevista exclusiva a BRUNO SANTOS, diretor-geral da estação de Queluz de baixo. Leia, agora no site, a entrevista publicada na edição 1562 da sua TV 7 Dias.

 

BRUNO SANTOS aborda a concorrência, as novidades do canal e o medo de perder Cristina, Goucha e Fátima

“É um casamento feliz para todos!”

Está há sete anos na TVI, há seis meses como diretor-geral. Numa altura em que o canal celebra o 24.º aniversário, BRUNO SANTOS FALA SOBRE O PRESENTE, O FUTURO E AS NOVAS APOSTAS DA ESTAÇÃO. E não tem receio de classificar alguns dos rostos da TVI como apresentadores de segunda linha… Uma entrevista sem filtros

 

TV 7 Dias – A TVI está a celebrar 24 anos de vida. A que lhe sabem?

Bruno Santos – Sabem bem… 24 anos, dos quais metade são na liderança. Estamos na segunda metade boa, digamos assim, desses 24. Para mim é satisfatório saber que a TVI continua nessa liderança.

Quais os maiores desafios neste momento?

É sempre manter a liderança. O papel de líder é muitas vezes ingrato, mas é sobretudo mantê-lo num contexto muito mais complexo do que ele já foi em televisão generalista. Hoje já nem existe tal coisa. Para além de todas as plataformas de Internet, o Netflix, as pessoas estão cada vez mais exigentes. Essa é talvez a questão mais desafiante para mim, mas também a mais motivante. Estamos a viver uma época absolutamente fascinante do ponto de vista das mudanças, mas incerta ao mesmo tempo. Ninguém sabe o que vai acontecer.

Quais as maiores dificuldades?

A adaptação a este novo contexto, sem sabermos para onde estamos a caminhar. O que hoje é uma certeza amanha pode não ser. É uma questão de ir experimentando. O caminho faz-se caminhando.

Que diferenças há entre a TVI de hoje e a que encontrou quando chegou há sete anos?

Não há muita diferença. E até posso falar contra mim. A TVI já era uma empresa saudável. Conseguiu passar por uma crise gravíssima em 2011/2012, a crise dos media, da economia. Mas é uma empresa saudável, muito bem constituída de profissionais, uma gestão bem esclarecida. Nunca houve dúvidas sobre a gestão da TVI e de profissionais completamente vocacionados pela liderança.

Quando chegou havia muito o efeito pós José Eduardo Moniz, em que se falava da ausência do efeito família. Isso mudou?

Sim. Acho que é normal. A saída de uma pessoa com uma personalidade, uma liderança como a do José Eduardo Moniz, provoca sempre um sentimento de orfandade. É normal. Era um líder muito forte. Mas a empresa soube adaptar-se muito bem. Conseguiu manter o ritmo, a liderança, e garantir os resultados. E agora temo-lo de volta, de outra forma.

De que forma é que contribuiu para esse espírito?

Isso já existia. Existia era um certo sentimento de orfandade. Contribui como todas as pessoas contribuíram. A TVI sempre foi uma família, continua a ser. É talvez o único canal nacional em que as pessoas realmente percebem isso. Nem que seja através da nossa antena ou galas anuais, em que se percebe o espírito TVI. A minha contribuição foi apenas integrar a família. Ganhei o respeito e o carinho das pessoas.

Este é o primeiro ano como diretor geral de antena. Em que diferem as suas funções?

Passo a ver o filme de uma forma mais afastada. Uma relação muito mais próxima com o conselho de administração, o acompanhamento mais próximo dos resultados do grupo Media Capital, todas as suas unidades. Tenho que exercer mais o papel de liderança, de constituir uma equipa mais motivada. Existe mais essa motivação.

É uma posição mais confortável?

Não é isso. Quando me foi feito o convite confesso que fiquei um pouco assustado. Nunca houve essa ambição, como nunca tinha havido a de ser diretor de programas. As coisas vão acontecendo. Mas tenho gostado, tenho desfrutado do papel que tenho agora. Há aquela história de que não somos diretores. Estamos diretores. Sou diretor hoje.

Há o receio de que de um dia para o outro deixe de ser?

Receio? Temos que saber viver com isto. A grande diferença desta empresa e de outras é que nunca temos o nosso posto garantido. O desafio é diário. Estamos sempre no teste, sob pressão, de olho nos resultados, sabemos que se não estivermos a fazer o nosso melhor, outra pessoa pode vir. Acho até que isso vai ser uma coisa boa e natural, porque acho que quem está neste papel tem por obrigação entregar resultados, se não, tem que ser substituído.

Sentiu ao longo destes anos a conversa de bastidores de que o seu lugar podia estar por pouco tempo?

Não. Claro que senti que talvez algumas pessoas pudessem colocar em causa, duvidar. Mas o meu trajeto na TVI foi muito cool. Não foi uma coisa de chegar e sei fazer e ser agressivo. Não é muito o meu perfil. Eu cheguei, fui fazendo o meu caminho. As pessoas foram compreendendo, umas mais outras menos, e foram aceitando. Nunca achei isso. Quando fui nomeado diretor de programas eu próprio brincava que, quem tinha estado nas últimas vezes como diretor de programas tinha aquecido pouco a cadeira. Brincava que ia durar pouco no cargo. Mas, felizmente não.

Que ano vai ser este para a TVI?

A TVI tem aqui todos os sinais para mostrar crescimento e diferenciação. Está muito preocupada com a manutenção do seu status de marca relevante, dentro do universo dos media, cabo, das centenas de canais que há no cabo. Acreditamos que, só com uma marca forte e perceção dos conteúdos, podemos garantir essa perpetuidade na liderança. E 2017 é importante porque vamos dar alguns sinais e alguns passos que não demos em 2016.

Que passos são esses?

Vamos fazer programas com alguma diferenciação, com algum risco, como é o caso do Let’s Dance. Queremos fazer uma televisão mais transversal, porque acreditamos que em 2016 continua a existir muita fuga de pessoas das televisões generalistas para o cabo. Nós hoje não olhamos só para a SIC como concorrente perigoso, que continua a ser. Estamos preocupados com a Big Picture. E aí não podemos identificar um concorrente como a SIC, o Cabo é uma amálgama. Aquilo é tudo. As pessoas estavam a começar a ver a televisão generalista como aquela cosia muito antiga, demodé, que só põe programas que não interessam, nem ao menino Jesus. Começamos uma estratégia mais agressiva de comunicar ‘atenção que a televisão generalista está viva e recomenda-se’.

É por isso que vão abandonar o género reality?

Nunca gosto de assumir, dizer que vamos abandonar. O género reality é um género forte, importantíssimo, que está na marca TVI. Não adianta negarmos que é o nosso ADN. Mas estamos a tentar piscar um olho aqui para um universo de pessoas que normalmente vê A Tua Cara Não Me É Estranha, que ao sábado podem ver o Let’s Dance, um programa completamente feel good tv, uma linha de talento. Se no final do dia vai dar resultados, não sei. Mas as estratégias não se fazem com dois ou três dias.

Mas esperava perder na estreia para a novela da SIC?

Sou prudente. Claro que eu gostava de ganhar, não lhe vou negar. Fiquei chateado, gostava de ter ganho em toda a linha, mas não perdemos com uma margem muito longa. O formato tem claramente coisas para serem afinadas, Já identificámos coisas, vamos fazer várias adaptações este sábado. Sabemos que a novela da SIC está muito forte. E, repare, o Amor Maior este fim de semana teve um momento alto, quando a miúda rapou o cabelo. Vinha de sexta para sábado muito forte. Claro que nós também tínhamos toda a expectativa de ser uma estreia, e queríamos a liderança. Mas sabemos que é difícil combater novela com entretenimento. A Tua Cara, quando estava ali conseguia ganhar à novela da SIC. Daí que tenha esperança de que o programa ganhe também. Se não ganhar, vamos rever a nossa tática.

O que falta ao “Let’s Dance”?

Agora é muito fácil falar. Foi a primeira vez que o fizemos. As pessoas não sabiam ao que vinham, nem nós. Uma coisa é pensarmos com a cabeça, ir lá fazer o ensaio geral, outra coisa é quando vai para o ar. Fizemos tudo certinho, mas foi certinho demais. Com uma parte algo burocrática demais, foi muito pivô, vt, dança, júri. A primeira parte foi assim, mal demos oportunidade para as pessoas conhecerem aqueles miúdos, que acho que foi o que faltou. Faltou o lado humano, a emoção, é o que vamos tentar fazer no próximo.

Vêm aí muitas lágrimas, estou a ver…

Não são só lágrimas. As lágrimas serão uma consequência. Falo de emoção ao nível afetivo. Qualquer programa de talento, não basta o talento. Sabemos que temos que ter uma troca de afetividade do público com aqueles miúdos. Ninguém sabe quem são aquelas almas ali. Vocês fizeram um trabalho esta semana à nossa frente, que é importante. Quem é o Ivanoel? A história de vida da Katryna, que é importante.

Não se tinham preparado para isso? Os talent shows da SIC e RTP1 puxam muito por isso.

Eles puxam até de mais. Como lhe digo, este programa não está rodado, não está testado. Claro que pensámos nisso, mas pensámos ‘não, a primeira mensagem que queremos passar para as pessoas é de que este programa é sobre o talento’. Estes miúdos estão ali é pelo talento. Quisemos mostrar a dança pela dança. E conseguimos isso. Dançam todos muito bem. Toda a gente percebeu que estão ali por dançarem bem e não por serem cromos ou isto ou aquilo. Perder uma batalha não é perder a guerra.

Vão apostar mais na componente reality, com mais emoções deles dentro da casa, do que a dança?

Vamos apostar se elas acontecerem. Até agora não vi nada no canal reality que desse para perceber isso. Mas acho que é natural. Não estamos em puxar isso, sobretudo para a antena da TVI, a antena da TVI nos programas de sábado queremos mantê-lo como um programa mais transversal, mais familiar, sem os pis, queremos evitar esse tipo de coisa. Mas na antena do TVI Reality se houver reality é reality. O canal chama-se TVI reality, não há como esconder.

Continua, portanto, a apostar na vitória deste formato?

Continuo a acreditar neste formato, sim.

Este vai ser um ano de grandes apostas no entretenimento. O formato da Academia de Moda está completamente preparado?

Não. Não está nada preparado. Nem sequer anunciado.

Na antena já aparece Projeto Moda.

Pois, não devia estar. Projeto moda foi de um outro canal.

Porquê a aposta em Ruben Rua e Ana Sofia Martins?

Nós não dissemos isso. Foram vocês.

Mas é a verdade ou não?

Não está nem sequer falado nem fechado com os dois. Mas são nomes possíveis para o projeto. Não está nada fechado, mas a Ana Sofia tem um histórico como apresentadora, já foi uma modelo de primeira linha. É lógico que faz sentido que a procuremos para integrar este tipo de programa. O Ruben Rua idem aspas. É modelo, coach da Elite, tem feito o seu caminho como apresentador.

Ele é aposta da TVI, muito por culpa da Cristina?

Não diria culpa da Cristina. Parece que ela é culpada de alguma coisa e não é culpada de nada. É claro que a Cristina ajuda. Ela tem contacto com ele e não só, com o Pedro Teixeira, com o Cabrerizo, e vai-nos dizendo em quem devíamos apostar. Ela tem muita sensibilidade.

E a Operação Triunfo, porquê?

É um programa que vai ter que ser preparado com mais tempo, é a grande aposta do canal. Nós temos procurado de uma forma mais insistente um grande formato de música. A SIC tem os programas da Fremantle, Fator X, Ídolos, a RTP tem o The Voice.

Que a TVI teve oportunidade de comprar…

Teve, mas acabou por não comprar. Foi na época em que a RTP ia fazer o The Voice Kids e nós acabámos por fazer A Tua Cara Não Me É Estranha Kids, que correu muito bem, e foi muito mais em conta do que o The Voice, e é uma marca poderosa, nossa. Mas voltando à Operação Triunfo, nós queríamos um formato que conseguisse reunir um programa de fim de semana com o fator talento. Temos o canal TVI Reality do outro lado, que tem de viver 24 horas. A OT encaixava-se muito bem nisso. É uma grande marca, tem um histórico de relativo sucesso em Portugal e casa muito bem com aquilo que pretendíamos.

E quem vai apresentar?

Eu também gostaria de saber. Não sei.

Ainda não chegou a um nome?

Está cedo, está cedo…

Teresa Guilherme é hipótese?

Pode ser, pode ser.

Falando da Teresa. Como é a relação dela com a TVI?

Está bem. Ela está de férias. Ainda ontem troquei mensagens com ela.

Já lhe comprou o programa dos casamentos?

Ainda não comprei. Mas é um formato interessante. Temos é que encontrar uma faixa que seja boa para o programa e ainda não encontrámos ali o lugar perfeito para ele.

Vem aí o “Masterchef Celebridades”. Já tem grupo?

Já há três ou quatro fechados. Você vai publicar, por isso.

É o programa que se segue ao domingo?

Não vou-lhe dizer. Ainda falta um bocadinho.

Porquê o Celebridades?

Acho que o público português gosta muito de variedade, felizmente. O Brasil vai no BB 17. Masterchef normal fez dez séries seguidas. E aqui as pessoas são mais exigentes. Puxam muito por nós. Por isso é que fizemos duas séries com adultos e uma com crianças. Correu muito bem. O que sentimos foi que se fizéssemos mais um com adultos, as pessoas iam ter mais resistência ao formato. Decidimos dar outra volta ao texto e fazer o celebridades.

O facto de não ter o Manuel Luís Goucha vai fazer com que a marca ou a imagem, que as pessoas têm do Masterchef, mude?

Adoro o Manel, ele imprimiu um caráter e uma marca, como você diz, no “Masterchef” da TVI, completamente diferenciadora, diferenciou completamente como tinha sido na RTP. O Manel foi um dos grandes responsáveis disso. Mas o formato está acima dos apresentadores, dos jurados. Quando o formato é bom, é bom e ponto. Claro que o apresentador ajuda sempre. Mas um apresentador nunca salva um formato. E o contrário às vezes acontece. Um bom formato pode salvar um mau apresentador. Mas um bom apresentador nunca salva um mau formato. O “Masterchef Celebridades” não vais sentir a falta do Manel. Acho que o Manel vai sentir falta do Celebridades (risos).

A Leonor é a melhor escolha?

Acho que sim. Ela encaixa muito bem no “Masterchef”. Tem uma personalidade, uma elegância e gosta também de cozinha. Foi uma feliz coincidência. Entra e Leonor e o chef Kiko. Eles são amigos de infância. Ela ficou radiante quando ficou a saber que era o Kiko. E isso vai transparecer no formato.

Vem aí o “Apanha Se Puderes”. Porquê a Cristina e o Pedro às sete da tarde?

Aí a resposta é óbvia. Andamos a fazer uma programação mais assertiva naquela faixa há algum tempo.

É o calcanhar de Aquiles da TVI?

Não sei se é o calcanhar de Aquiles da TVI, mas é um pendente. Se olharmos para a grelha da TVI, em que lidera sistematicamente e onde não lidera, ali é uma faixa em que deixamos de liderar sistematicamente há algum tempo já. A Cristina é a aposta por causa disso. Brinco ali e digo que é a nossa última trincheira.

É o agora ou nunca com esta aposta?

Não. Não podemos colocar esse peso sobre os ombros da Cristina. Quando colocámos ali a Cristina a nossa ambição é liderar. Isso vai ser sempre. Mas, se ela fizer um resultado extraordinário… O Fernando Mendes está muito forte. E neste momento ele está sozinho. Não há aqui uma concorrência. A SIC está com uma novela que está completamente apagada há muito tempo. Fizemos um número muito bom com o Money Drop, com a Teresa Guilherme, e agora vamos tentar com a Cristina Ferreira a ver se aquilo vinga.

Não é Cristina Ferreira a mais? É que ela ainda vai ter um “Dança Com as Estrelas”…

Não é a mais, ou seja, acho que ela vai deixar de estar alguns dias de manhã, logicamente, durante a gravação do programa, vai descansar de certa forma a imagem dela. Mas achamos que tendo um ativo como a Cristina, ao contrário de outros canais de televisão, nós queremos é potenciar os nossos ativos. A Cristina é uma profissional de marca maior, é a melhor apresentadora que há por aí. Tem um bom ordenado e nós queremos tirar proveito disso também. É uma coisa de toma lá dá cá. Ela também entende isso.

Ela aceitou de imediato?

Quis saber o que era, qual o formato, porque ela também não quer entrar numa fria. Ela percebeu que era uma aposta importante para a TVI. E disse ‘ok, vamos para a frente’.

Isto não é a prova de que a TVI está dependente a cem por cento da Cristina?

Não. Se você tirar um coelho da cartola e me disser: ‘fulano de tal poderia ganhar ao Fernando Mendes, que faz todos os dias 11/12 pontos de rating de segunda a sexta’… Se olharmos para o panorama, não existe. Eu podia colocar aqui um apresentador de segunda linha. Mas também tenho o Manel ocupado de segunda a sexta – vai fazer o Masterchef Júnior. Tenho a Fátima a fazer as tardes, está a fazer o Let’s Dance, tenho a Teresa Guilherme a descansar, de férias, que estava com a cabeça já toda em parafuso.

Podia pôr uma Isabel Silva, uma Iva Domingues?

Não. Com o maior respeito que tenho por essas profissionais, temos que ser realistas. Enfrentar o Fernando Mendes nas circunstâncias atuais, tenho que contar com uma pessoa de primeira linha. Não adianta andar com Rodriguinhos. Não é uma Iva Domingues, não é uma Isabel Silva. Tem que ser uma Cristina, uma Fátima, o Goucha, uma Teresa. Não há volta a dar. O Fernando Mendes é um peso pesado. Não adianta.

Para já o programa vai ter 75 episódios. Pode vir a ter mais?

Claro, claro.

Há hipótese de continuar em Setembro, por exemplo?

Depende. Não está nos nossos planos, mas, quer dizer, tomara que tenhamos esse problema e ter que resolver isso.

Não acha que as pessoas em casa se vão cansar da Cristina?

Ela não vai estar todos os dias de manhã e à tarde. Ela vai estar todos os dias à tarde, durante um período limitado de 75 programas, que dá três meses e pouco, e depois, de manhã, as pessoas estão mais do que habituadas a vê-la. Acho até que vai ser uma novidade vê-la ali naquela faixa.

Nisto tudo o que fica a perder não é o programa das manhãs? É que o Manel também se vai ausentar?

Acho que não, porque quando eles vão de férias, fica um, fica o outro e o programa está muito bem enraizado. A máquina funciona bem. É claro que se estivéssemos a passar por um período muito forte da concorrência, se calhar a nossa estratégia não seria essa, porque o programa continua a ser basilar na nossa estratégia para a grelha. Mas podemo-nos dar ao luxo de prescindir da Cristina e do Manel no programa da manhã. Ainda bem que temos essa dupla, o que não acontece à tarde.

O contrato deles acaba em 2019. Já começou a falar de prolongamento? Está preocupado com isso?

Não estou preocupado com isso. Ainda falta muito para 2019. Nem sequer começámos a falar sobre isso.

Não está na sua cabeça sequer a hipótese de eles não continuarem?

Na minha cabeça há todas as hipóteses, como deve imaginar. Há a hipótese de ela sair amanhã. Isso pode acontecer. Faz parte da vida. Quero acreditar que as duas partes, a TVI e a Cristina e o Manel e a Fátima vão entender que é melhor continuar de mãos dadas, porque é um casamento feliz para todos eles.

Se um deles saísse a TVI perdia parte importante do seu ADN?

Não. Perdia um ativo importante, mas não perdia o ADN.

Continuam a apostar em novas caras. Ainda agora puseram o Pedro, o Ruben e o Bruno. Há mais cartas na manga?

Estamos sempre à procura, sobretudo na parte masculina. É notória que a nossa antena tem uma deficiência nesse nível. Saiu agora o Nuno Eiró e ainda mais carentes ficámos de caras masculinas. Não é fácil. As pessoas acham que é fácil, mas não é. Estamos a insistir, o Pedro Teixeira está a fazer um caminho interessante. Está mais à vontade. No Rising Star estava muito perro. Não era ele. Porque ele pessoalmente é simpatiquíssimo e quando liga a câmara tende a ser um apresentador. Disse-lhe para ser ele, e está a fazer isso no Somos Portugal. Mas a ideia é essa, continuar à procura de rostos masculinos.

Vendo as novas apostas da TVI, há um nome que, para já, nenhum projeto tem. Não há nada para a Iva? É a que está cá há mais tempo e nada tem, para além do Somos Portugal…

Exatamente. As pessoas falam como se o Somos Portugal não fosse um projeto. É o grande projeto! De uma capacidade de contacto com o público, na rua, em casa, dá um grau de notoriedade às pessoas, sobretudo uma tarimba, que não é fácil. Muitas vezes ali a trabalhar em pé, ao frio, durante seis horas, em condições que não são as mais agradáveis. Mas a Iva continua a ser uma opção. Está sempre em cima da mesa, ela sabe disso. Falo muito com ela.

Ela nunca lhe perguntou porque não tinha uma oportunidade?

Já perguntou. Mas, infelizmente, não temos grande variedade de coisas. E você vai-me dizer ‘ah, mas a Iva podia fazer o Let’s Dance…’ podia, mas eu também tenho uma Fátima Lopes, que é um valor de primeira linha, de primeira grandeza do canal, que até há muito pouco tempo nunca tinha feito o prime time. É difícil. Essa gestão não é muito fácil.

Falemos de ficção. Ouro Verde continua líder. Porque é que os portugueses gostam tanto desta novela?

Nunca há uma explicação factual. Quem me dera, se não era fácil fazer novelas. Este é o mistério da nossa ficção. Lida com pessoas, é difícil saber o que é que vai impactar realmente. Mas acho que o Ouro Verde tem uma qualidade. É a diferença do guião. A Maria João Costa tem todo o mérito do mundo. O Ouro Verde conquistou pessoas que já não viam televisão. E isso  aconteceu. Veja, O Amor Maior não caiu. O Ouro Verde é que trouxe pessoas que já não viam televisão. O facto de termos ido ao Brasil foi muito bom. E todo o grupo de atores brasileiros que veio. É uma novela muito pouco convencional.

Tem receio de não poder fazer o que fez com “A Única Mulher”, três temporadas?

Nós também não temos vontade de fazer com o Ouro Verde o que fizemos com A Única Mulher. Funcionou naquela altura, de contexto, combate, guerra, de mercado, mas não quer dizer que tenha que fazer agora. Achámos que foi uma grande ideia. Mas não temos que nos repetir. Mas não está sequer previsto termos uma segunda temporada.

O sucesso deve-se também ao facto de terem ido buscar o Diogo Morgado?

Sim. Ele tem uma força inequívoca, brutal e trouxe muito público fresco para a TVI. Ele está  numa fase ótima. Bem fisicamente, bem como ator, como pessoa. Aquilo transparece.

É para continuar na TVI?

Nós gostaríamos, claro.

E o romance entre ele e a Joana deu força à novela?

Não comento.

Tal como o foram buscar a ele, gostava de ir buscar mais alguém à concorrência?

O que não queremos é entrar na loucura das guerras, porque o mercado não está preparado para isso. A história do Diogo vir para cá, parece que fomos la roubá-lo. Claro que fomos falar com ele, mas existia também uma vontade dele. O Diogo não é esse ator de vir porque recebe dinheiro. Veio pelo projeto. Gostou, quis fazer, fomos em frente. As pessoas têm que fazer opções. A TVI está a fazer o seu caminho na ficção. Andou aqui, num passado recente, um pouco perdida. Está a reencontrar o seu caminho, graças ao trabalho do José Eduardo Moniz, do Luís Cunha velho, na Plural, que está a ser muito importante. A prova está aí. Temos duas novelas líderes todos os dias.

Mas a “Rainha das Flores” já mordeu “A Impostora”.

Eu não vi morder nada.

Mas mordeu dois ou três dias.

Mordeu, mas foi a sola do sapato que ficou lá atrás.

Não o preocupa?

Quer dizer… vejo as audiências todos os dias. Acho que neste momento, a novela Amor Maior está mais próxima do Ouro Verde do que A Rainha das Flores da Impostora. E acho que A Impostora é muito melhor do que A Rainha das Flores.

Outra coisa não seria de esperar.

Mal de mim se não achasse, ainda para mais sendo as duas líderes.

E “Onde Está a Elisa”, afinal?

Está a ser gravada. Vem em breve, este ano ainda. Ainda não programamos a Elisa. Tínhamos pensado estrear mais tarde, mas queremos estudar o momento certo. Não é um produto muito banal, é uma narrativa, que é um thriller, suspense. Tem atores muito bons e portanto não queremos vacilar. Queremos que as pessoas entendam isso. Temos que encontrar o momento certo.

E o “Inspetor Max”, nunca mais se apresenta ao serviço?

É para estrear ainda este semestre.

E será ao sábado, como estava previsto?

As pessoas vão ficar a saber quando fizermos a promo.

E a próxima novela, já tem elenco fechado?

Já há autora, a Maria João Mira. O elenco ainda não está fechado.

E a Alexandra entra ou não?

Não entra.

Porquê?

Decidimos de comum acordo. A Alexandra vai fazer uma obra de teatro muito exigente e no outro dia ela, numa conversa comigo, até me disse que, se lhe déssemos um papel pequeno conseguia fazê-lo. E eu disse-lhe: ‘Alexandra, você não é atriz de papéis pequenos. Não te posso dar um papel pequeno’. Então decidimos que não entrasse. E até é bom para descansar a imagem dela. Temos aqui essa preocupação. Tínhamos muitas caras que estavam muito presentes e A Única Mulher, ao estender-se tanto,, durante tanto tempo, as pessoas que estiveram o tempo inteiro na novela, ficaram quase dois anos em antena e queremos descansar, para que quando voltem seja uma novidade.

Mas havia a expectativa de ser a primeira vez numa novela dela com o Diogo. Ou o Diogo também não entra?

Não sei. Isso é o que você está a dizer. Não sabia disso dela com o Diogo.

Mas o Diogo entra?

Acho que não.

A Alexandra quando disse que ia para essa novela, disse que era ela e o Diogo…

Ela disse isso? Mas não tem que falar. Já falou de mais. Ele também não entra.

Vai ser o grande regresso da Sofia Ribeiro?

(gargalhada) Não lhe vou dizer. Não temos isso fechado ainda.

Ainda não é nesta que vem a Sofia?

Ela vem agora, no “Let’s Dance”. Na novela não está fechado.

Preocupado com o que aí vem na SIC? Vem aí mais um remake, com a Margarida Vila Nova.

Não sei. A Margarida Vila Nova veio de uma novela que nos chateou bastante. Não sei se vai funcionar tão bem como o remake do Dancin Days. Não tenho perceção de como funcionou cá a Água Viva. Acredito que não tenha sido tão forte como o Dancin’ Days.

Não está preocupado com a Gabriela Sobral a vir cá buscar pessoas?

Não. O que podemos fazer?

Não há ninguém da SIC que quisesse ir buscar?

Acha que eu lhe vou dizer?

Já tentaram ir buscar a Soraia Chaves.

E não veio… mas nunca lhe vou dizer isso.

E séries? Há hipótese de apostar mais neste género?

Há. Nós temos essa vontade, pelo menos. Temos muitas coisas em cima da mesa.

E há orçamento para isso?

Esse é o grande problema. Já a Elisa foi difícil. Esteve em cima da mesa durante muito tempo. Não sendo uma série, é uma novela seriada, tem menos episódios. Infelizmente este mercado não nos permite grandes aventuras. Pelo menos na TVI.

Como é que olha para as séries que a RTP faz?

Olho com alguma… não sei. Não vou comentar. Já fiz alguns comentários (risos).

Arrepende-se do que disse?

Foi dito num contexto. Estava lá o administrador da RTP. Não há problema nenhum, conheço-o bem. O problema que temos com a RTP, não é a RTP fazer. É o não conseguirmos fazer. A RTP pode-se dar ao luxo de fazer coisas, que quem me dera a nós ter a capacidade financeira da RTP para conseguir fazer coisas que a RTP faz. Mas com maior impacto junto da audiência. O que a RTP está a fazer… a RTP está pouco preocupada com a audiência. E eu acho isso preocupante. Somos profissionais de comunicação social, num meio de massas, por mais que a RTP diga que não está preocupada com as audiências. Mas quer dizer, uma antena poderosa tem que comunicar com as pessoas. E acho que eles estão a comunicar com muito poucas pessoas, na parte das séries. Onde é que comunicam com as pessoas? No Preço Certo. Eles deviam deixar de ter O Preço Certo? Acho que não. Mas acho que deviam traçar a estratégia deles de outra forma. Não está muito bem encaixada a estratégia da RTP. As séries são muito caras, os resultados muito baixos.

Em séries que custam quase tanto como uma novela.

Eu acho que as séries da RTP custam bem mais do que uma novela. Normalmente é isso que acontece.

 

Texto:Tiago Henriques; Fotos: Zito Colaço

 

 

 

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