Sobre Pedrógão: «Raramente choro mas tombei»

A apresentadora contou a história de um jovem sobrevivente da tragédia de Pedrógão Grande que admite a fez chorar.

22 Nov 2017 | 21:07
-A +A

Júlia Pinheiro é um dos rostos, juntamente com João Paulo Rodrigues, do projeto de responsabilidade social, Código DáVinte, que este ano visa apoiar as vítimas dos incêndios que devastaram o país. 

Por essa razão, o nosso site esteve à conversa com a apresentadora que nos contou uma história que a marcou tanto pessoal como profissionalmente. 

«Quero aqui deixar a nota de uma pessoa que conheci no outro dia. Eu tive um jovem comigo, um homem notável de 24 anos, chamado Marcelo do qual eu nunca me esquecerei na vida. O Marcelo perdeu a irmã de três anos e a avó. Ele é de Pedrógão, da famosa pequena aldeia do Nodeirinho onde as pessoas se salvaram, as que conseguiram, porque se enfiaram dentro de um tanque», começou por contar. 

«O Marcelo teve de sair de um carro em chamas onde a irmã, de três anos com uma chucha na boca, é a última imagem que ele tem, morreu. Ela e a avó não conseguiram libertar-se. Nem ele nem a mãe, que estavam dentro do carro, conseguiram libertá-las porque as borrachas que celam as portas derreteram», contou a apresentadora visivelmente emocionada.  

Para Júlia Pinheiro, o testemunho deste jovem, que perdeu parte da família no incêndio de Pedrógão Grande, fê-la ultrapassar a barreira impõe a si mesma, a nível profissional, como confidencia:

«Raramente choro, é um problema que eu tenho, muito menos nos programas. Tenho muito aquela penetração de que estou ali para amparar as pessoas não estou para as afligir com as minhas lágrimas… mas aguentei-me. Mal ele saiu eu tombei completamente. E, para mim, o Marcelo, o relato dele, é o meu herói»

Fotos: Tito Calado

PUB